Recebi essa crônica por e-mail e achei interessante, resolvendo assim, postar aqui.
Ponto de vista econômico desse caso monstruoso, o que muito me agrada.
Segue:
'Gilberto Braga: Gol contra de Bruno
Rio - Falando da parte econômica do escândalo do Caso Bruno (ex-goleiro do Flamengo), sempre em grandes números, com juros de poupança, o resumo é o seguinte. Considerando que o goleiro jogasse até os 37 anos e que seu padrão de remuneração, entre salários e receita de imagem fosse mantido (R$ 250 mil mês), o Bruno deixará de ganhar R$ 40 milhões. Como ele paga tributos, como trabalhador (clube) e como empresa (publicidade) e, se gastasse por mês R$ 50 mil para manter seu elevado padrão de vida, sobrariam R$ 30 milhões.
Essa grana toda está indo para o ralo. Interessante é comparar com as alternativas econômicas que o Bruno teria. A primeira delas seria fazer um acordo amigável com a ex-amante e bancar o filho até os 24 anos, quando estivesse formado na faculdade. Isso custaria a bagatela de R$ 1,6 milhão. Outra possibilidade seria a justiça decretar um pagamento de pensão de 20% de tudo que o goleiro faturasse, o que daria uma mordida de R$ 10 milhões.
Qualquer que fosse a solução financeira, o Bruno ainda sobreviveria com muito dinheiro. No pior cenário, ao longo de sua carreira, lhe sobrariam pelo menos R$ 20 milhões. Pretensamente buscando evitar um escândalo de imagem, tudo leva a crer que se envolveu em um crime bárbaro. O goleiro deve perder a bolada que uma carreira vitoriosa lhe renderia, destruiu a sua imagem e pode ficar preso por vários anos. O episódio em si nos remete para um axioma do mundo da economia, que é o da racionalidade dos agentes econômicos. Todas as teorias partem de uma proposição de que qualquer pessoa tende agir buscando o que é mais vantajoso financeiramente.
Lembram do ditado que “louco não rasga dinheiro”? Pois é, o Bruno está aí para mostrar que as teorias econômicas e humanas podem falhar. Por isso quando os economistas generalizam nas formulações das políticas públicas, eles buscam o consenso do que julgam ser os desejos coletivos. Comportamentos irracionais como o que está sendo atribuído a Bruno, mostram que outro velho dito também é verdade, “a teoria na prática é outra”, pois ele é supostamente louco é rasgou uma fortuna.'
Professor de Finanças do Ibmec
gbraga@ibmecrj.br