Imprevisível.



Sabe aqueles dias que você prefere ficar escondido o dia inteiro dentro de casa? Sem sentir o sol na pele, o vento no rosto, o barulho dos carros passando. Sem cruzar com outro ser vivo, sem precisar pentear o cabelo, colocar os sapatos, sorrir sem vontade, parecer normal...

Sabe aqueles dias que você se sente muito bem acompanhado da própria figura e ao mesmo tempo sente um rombo dentro do peito?

Sabe aqueles dias que você olha no espelho e não reconhece mais o olhar que te olha?

Sabe aqueles dias que você acha que não pertence a esse mundo e começa a achar que todo mundo é fútil, previsível e idiota?

Sabe aqueles dias que você chora vendo novela, ouvindo música, lembrando das derrotas pessoais?

Sabe aqueles dias que você esquece que está vivo, com saúde e pensa como seria bom se nunca tivesse nascido?

Tem hora que o coração dá uma sacaneada na gente. Já não sei mais se eu tenho alguma culpa pelos acontecimentos ou se os acontecimentos são os verdadeiros culpados. Ou se é tudo junto ou se não é nada disso.

Pra que rugas de preocupação se a gente não tem o controle de porra nenhuma nessa vida? Nem do varal que arrebenta, nem do ovo que cai da porta da geladeira, nem da lâmpada que queima...

O que foi foi. O que é é. O que será será.