
" ...Teve uma tarde na UEB que ele me chamou lá fora, no jardim, onde eu estava numa roda de fofocas políticas “Maria, venha ver uma coisa!” e me puxou pela mão.
Ao chegar no saguão de entrada, parou diante de um grande espelho oval de moldura antiga, me abraçou pelo pescoço, juntou rosto com rosto e disse:
“Maria esta foto é para mostrar a nossos netos e dizer a eles que o avô fez uma força danada para namorar a avó deles, mas ela não queria nada, porque era apaixonada por um tal de Caio Mario”.
Eu empurrei o “gaiato” para longe e levei o caso na arrelia, voltando para onde estava no grupo.
Realmente nunca levei Eduardo à serio. "
Garimpo de Lembranças - Maria Leoncio.
E eles foram e sempre serao minha referencia de amor, lutas e vitorias.
E quando me lembro que do nada vieram e conseguiram um patrimonio sem igual, eu fico ainda mais cheia de de orgulho.
Orgulho esse, que nao cabe no peito.
Vó, que saudade das tardes sentadas contigo na beira da cama, deitada com a cabeca em seu colo ou quem sabe, rodeada de primos, alegrias e ouvidos bem abertos. Que saudade dos seus 'casos', das suas crônicas, da sua sabedoria. Que saudade das suas aulas de História e Geografia, sentada à mesa do almoço ou jantar. Saudade de toda a cultura que brota de ti e da sua mente brilhante, inquieta e jovem vinculada a um corpo de 81 anos. Hoje, morando longe, eu só posso perceber que, tenho ficado mais burra sem a sua presença, pois era você, minha jornalista, escritora, cronista, professora de historia, geografia e ciencias sociais, que me movia para o verdadeiro caminho da educação. Obrigada pelos livros na estante, pelo gosto da leitura, pelas indicacoes e principalmente, por ainda fazer parte da minha vida. No dia que isso não mais for possivel, confesso aqui que metade de mim vai embora contigo, pois se metade de mim é QUERER APRENDER, devo tudo a você.
Minha avó, minha Sherazade.
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